- Fonte: odiario.comSaída de Lupi cria ‘jogo de xadrez’ antes de reforma
A saída de Lupi no domingo mexeu no xadrez ministerial. Dilma não quer que o PDT continue à frente do Trabalho. Alega que o partido está há muito tempo no comando da Pasta - desde 2007, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva - e prega mudanças. A estratégia adotada pela cúpula do PDT, no entanto, tem como objetivo permanecer no Trabalho. Apesar do discurso oficial de cautela, na prática o PDT vai brigar com o PT para não perder a cadeira durante a reforma ministerial prevista para 2012.
Presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) desdenhou da possibilidade de emplacar o ex-senador Osmar Dias, filiado ao PDT, no Ministério da Agricultura, que também pode abrigar Pesca.
"Não sabemos nada de mexer com terra", ironizou Paulinho, como é conhecido. O deputado também serviu como porta-voz da crítica do PDT a um estudo do governo para fundir Trabalho com Previdência. "Seria um desastre, para um governo que se diz dos trabalhadores, fazer uma coisa dessas", provocou.
Auxiliares de Dilma disseram que nenhuma fusão de pastas está decidida. Mesmo assim, aliados já estão de olho nos cargos. O PMDB, por exemplo, sempre considerou o Ministério da Previdência "um abacaxi" e não parece muito animado em abarcar Trabalho. No Planalto, o comentário é de que o superministério pode ir para o PP, abrindo espaço para o PT em Cidades.
Lupi passou o dia em reuniões com dirigentes do PDT e optou pelo silêncio no primeiro dia fora da Esplanada. Aos correligionários, voltou a afirmar inocência e atribuiu a saída à pressão da família e ao cansaço das seguidas explicações que teve de prestar nas últimas semanas.
Pela manhã, em conversa reservada com o deputado André Figueiredo (CE), presidente interino, Manoel Dias (SC), secretário-geral, e Acir Gurgacz (RO), líder no Senado, Lupi acertou a renovação da licença do comando partidário. A criação de uma comissão para negociar com Dilma também foi construída para blindar o PDT do desgaste provocado pela crise política.
A comissão terá Figueiredo, Dias, Brizola Neto, Gurgacz e o líder na Câmara, Giovanni Queiroz (PA). O presidente interino fez questão de enfatizar que o partido apoia o governo Dilma mesmo sem cargos. A cúpula do PDT, porém, espera um convite da presidente, ainda nesta semana para negociar. A volta de Lupi ao comando do PDT está prevista para o fim de janeiro de 2012, quando um integrante do partido já estiver acomodado na Esplanada. Apesar de o ex-ministro ter mandato até 2013, poderá haver questionamentos no diretório nacional sobre o seu retorno.
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